terça-feira, 5 de janeiro de 2010

American Beauty

American Beauty
(Beleza Americana)
Direção: Sam Mendes 
Roteiro: Alan Ball
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 1999
Duração: 122 minutos
Porque assisti: Já ouvi falar de ''American Beauty'' várias vezes, mas nunca realmente me interessei por assistir, grande parte das pessoas que eu conheço já assistiu e por isso eu sempre ouvia comentários ou citações sobre o/do filme. Há uns dois meses atrás eu e uma amiga trocamos listas com 15 filmes para assistir em certo prazo, o prazo já se esgotou há um tempinho e eu consegui assistir quase todos os filmes, esse foi um dos únicos que faltou então juntei a fome com a vontade de comer e finalmente aluguei. 
Classificação 0/10:  9

O filme começa ditando o final: Lester Burnham, o personagem principal, irá morrer em um ano. O nome desse tipo de narração é post mortem, ou seja, quando o narrador de um filme é também personagem deste e narra o passado que antecede sua morte, já sabendo que irá morrer. Em praticamente todos os filmes que eu já assisti a morte de um personagem é guardada para o final e muitas vezes acontece quando o espectador menos espera, causando assim aquele efeito de choque, mas vocês podem ter certeza que o fato de a morte de Lester ter sido anunciada no primeiro minuto do longa não estraga um possível final surpreendente. Para entender o título ''American Beauty'' basta saber que esse é o nome de uma espécie de rosas vermelhas muito presente nas casas de famílias americanas, essas rosas são famosas por serem visualmente perfeitas, mas não possuírem cheiro nem espinhos. Exatamente como o famoso ''sonho americano'', todos pensam nos Estados Unidos como um lugar onde o tão sonhado estilo de vida irá virar realidade, mas não é bem assim, ''American Beauty'' mostra totalmente o contrário, o filme revela o real dia-a-dia de famílias americanas quebrando esse estereótipo de perfeição.

Além de termos o elemento da beleza americana no título do filme, podemos perceber que cada um dos personagens que compõe  o longa tem um conceito diferente de beleza. Lester Burnham surge como um publicitário infeliz não só com seu emprego como também com seu estilo de vida e encontra sua beleza em mudar radicalmente o modo como vive: Abandona o emprego, começa a praticar exercícios para melhorar seu físico, se interessa por garotas mais jovens e começa a fumar maconha. Sua esposa Carolyn vive uma vida pacata, trabalha como corretora de imóveis, pratica jardinagem e leva um relacionamento que não parece nem aos olhos de um estranho matrimonial com Lester, ela encontra sua beleza ao envolver-se com um novo homem, mais experiente e rico. Jane, a filha do casal sofre duplamente. Primeiro com os problemas habituais de sua adolescência e segundo com as complicações que enfrenta em sua própria casa com um pai que não se importa e uma mãe que finge se importar. A garota aparentemente não sabe como lidar com a situação até conhecer Ricky, seu novo vizinho, ela encontra sua beleza ao iniciar um relacionamento com o garoto e encontrar a tal estabilidade emocional que estava procurando. Ricky por sua vez já possuí sua beleza, ele dedica-se a filmar cenas cotidianas nas ruas e ao se mudar passa a filmar também toda a vida doméstica de Lester, Carolyn e Jane. Grande parte do filme é vista pela ótica de sua câmera. Seu pai, um ex-coronel nazista é a personificação contrária a Lester: incrivelmente disciplinador e severo, não conseguimos identificar no que ele vê beleza até o final (não seria digno se eu revelasse). E por fim, Angela, melhor amiga de Jane e a garota por quem Lester se interessa é de longe a personagem mais fútil e ''americanazinha'' do filme, age como se fosse a melhor em tudo e passa o filme inteiro evidenciando sua beleza, mas revelando sua fragilidade no final. Encontrou sua beleza nela mesma e no estilo de vida fútil que leva. 

O filme consegue despedaçar aos poucos o estilo de vida americano, mostrando o cotidiano de duas famílias  que enfrentam diversos problemas e dificilmente acham a solução que precisam. Como diz a tagline: Look Closer, porque nada é o que parece. 

5 comentários:

  1. Tem esse DVD na casa de uma tia minha, e sempre me interressei pela capa, mas nunca parei para ver. E pelo que você falou, parece ser bom. Porque geralmente esses filmes americanos sempre mostram uma beleza e uma vida meio... impossíveis. Gosto do filmes que saem do eixo. Irei ver só por causa da sua crítica. Gostei.

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  2. assisti esse filme ja faiz um bom tempo, nem lembrava mais direito da historia mais pelo q vc flo ele mostra mesmo q tipo num existe uma vida perfeita neh, e q todos tem um ponto d vista diferente e q o q nos precisamos fazer pra encontrar a felicidade é achar um alguem com quem o nosso ponto d vista se identifica para q nos consiguirmos tambem encontrar a felicidade.

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  3. Não me surpreendo mais com sua maturidade ao expressar suas críticas. Essa sua visão das coisas da vida, do mundo das pessoas, é muito parecida com a minha. Temos afinidade na interpretação da vida.
    Achei muito interessante a informação do significado do título do filme, ser o nome das rosas sem cheiro e sem espinho... Apenas a perfeição superficial...Aquilo que o americano é. A busca das "belezas" próprias também é muito bem avaliado por você. O país é muito bonito, produz muito rock'roll, é muito democrático, muito civilizado, além de uma potência economica, mas seus habitantes cultivam a beleza americana. Superficial e padronizada. Uma cultura que acredita que a felicidade e realização absoluta de um ser humano, está no seu poder de consumo, sua popularidade e sua posição no ranking dos "bem sucedidos". Expressões como "Looser", "I'm on the top of the world", "Talk is cheap", "Time is money" entre outras traduzem bem isso. Eu acho que por isso, o grau de frustração daqueles que por alguma razão, não se encaixam nesse "American way of life", é imenso. E, por não ter nenhum senso de improviso ou jogo de cintura, desqualificam suas próprias vidas, muitas vezes, perto de serem perfeitas, por não se "enquadrarem" mais na ditadura do bem sucedido, do vencedor etc. E esse ser humano fica louco, passível de cometer altas besteiras como vemos nos jornais e revistas. Já se fosse um brasileiro, daria seu jeito de ser feliz.
    Parabéns pela crítica e pelo efeito que ela causa nas pessoas: As fazem pensar!

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  4. O que eu mais gosto nesse filme é a relação genial do título com a história! A vida deles é justamente igual a rosa americana que eles mesmos cultivam em sua casa aparentemente perfeita: ela é linda, e não tem nada de errado nela, mas ela nao tem os espinhos - a defesa, nem o cheiro - a graça, o que acaba fazendo dela uma flor indefesa, e irreal, não presente na natureza real. Assim como todos os personagens: eles todos exibem para os outros uma imagem que é como eles querem ser vistos, mas não passa de uma imagem: ninguém é perfeito na imagem que projetou pra si mesmo, e todos eles são muito frágeis, tanto que tem segredos que não querem que ninguém descubra: a homosexualidade, a virgindade, e assim por diante.
    Adorei a sua crítia, Nico. Eu gosto mesmo do jeito que você escreve, principalmente as críticas de filme, que você narra e dá sua opnião ao mesmo tempo

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